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Coronavírus: informações e recomendações da Sociedade Brasileira de Infectologia

A fim de sanar possíveis dúvidas sobre a origem, proliferação, sintomas e cuidados em relação ao novo tipo de coronavírus, reunimos informações da Sociedade Brasileira de Infectologia. Veja abaixo algumas questões e suas respectivas respostas:

O que são coronavírus?

Os coronavírus (CoV) compõem uma grande família de vírus, conhecidos desde meados da década de 1960, que receberam esse nome devido às espículas na sua superfície, que lembram uma coroa. Podem causar desde um resfriado comum até síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave e a síndrome respiratória do Oriente Médio.

O que é este novo coronavírus?

Trata-se de uma nova variante do coronavírus, denominada 2019-nCoV. Até então, esse novo tipo não havia sido identificado em humanos. Antes do aparecimento do 2019-nCoV, existiam apenas seis cepas conhecidas capazes de infectar humanos. O novo coronavírus foi identificado em investigação epidemiológica e laboratorial, após a notificação de casos de pneumonia de causa desconhecida entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. A origem da nova variante ainda não foi descoberta, entretanto acredita-se que a fonte primária do vírus seja em um mercado de frutos do mar e animais vivos em Wuhan.

A transmissão do coronavírus acontece entre humanos?

Sim. Alguns coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa a pessoa pelo ar, por meio de secreções aéreas do paciente infectado, ou por contato pessoal com secreções contaminadas. Na maior parte dos casos, a transmissão é limitada e se dá por contato próximo, ou seja, qualquer pessoa que cuidou do paciente, incluindo profissionais de saúde ou membro da família, que tenha tido contato físico com o paciente, ou tenha permanecido no mesmo local que o paciente doente.

No caso específico da nova variante, a transmissão está limitada a grupos familiares e profissionais de saúde que cuidaram de pacientes infectados. Também não há evidências de transmissão de pessoa a pessoa fora da China, mas os especialistas ressaltam que isso não significa que não aconteça.

Os coronavírus podem ser transmitidos de animais para humanos?

Sim. Investigações detalhadas descobriram que o SARS-CoV foi transmitido de gatos selvagens para humanos na China, em 2002, e o MERS-CoV de dromedários para humanos na Arábia Saudita, em 2012. Porém, existem vários coronavírus que causam infecção animal. Na maioria, infectam apenas uma espécie ou algumas espécies intimamente relacionadas, como morcegos, aves, porcos, macacos, gatos,cães e roedores, entre outros.

Quais são os sintomas de uma pessoa infectada por um coronavírus?

Pode variar desde casos assintomáticos, casos de infecções de vias aéreas superiores semelhante ao resfriado, até casos graves com pneumonia e insuficiência respiratória aguda, com dificuldade respiratória. Crianças de pouca idade, idosos e pacientes com baixa imunidade podem apresentar manifestações mais graves. No caso do 2019-nCov, ainda não há relato de infecção sintomática em crianças ou adolescentes.

Como o coronavírus é transmitido?

As investigações sobre as formas de transmissão do coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias ou contato, está ocorrendo. Qualquer pessoa que tenha contato próximo (cerca de 1m) com alguém com sintomas respiratórios está em risco de ser exposta à infecção.

É importante observar que a disseminação de pessoa para pessoa pode ocorrer de forma continuada. Alguns vírus são altamente contagiosos (como sarampo), enquanto outros são menos. Ainda não está claro com que facilidade o coronavírus se espalha de pessoa para pessoa.

Apesar disso, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:

  • gotículas de saliva;
  • espirro;
  • tosse;
  • catarro;
  • contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
  • contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Existe um tratamento para o novo coronavírus?

Até o momento, não há um medicamento específico. Indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade, com pneumonia e insuficiência respiratória, os médicos recomendam o uso de suplemento de oxigênio e ventilação mecânica.

Qual é o período de incubação deste novo tipo do coronavírus?

Ainda não há uma informação exata. Entretanto, presume-se que o tempo entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas seja de até duas semanas.

Como reduzir o risco de infecção pelo novo coronavírus?

Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas; Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar; Usar lenço descartável para higiene nasal;

Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir; Evitar tocar nas mucosas dos olhos; Higienizar as mãos após tossir ou espirrar; Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; Manter os ambientes bem ventilados; e Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

Existe uma vacina para o novo coronavírus?

Como a doença é nova, não há vacina até o momento.

Estão contraindicadas as viagens para a China e para os países com casos importados?

Com base nas informações atualmente disponíveis, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda restrição de viagens ou comércio. Entretanto, é necessário acompanhar as recomendações dos pesquisadores, que são dinâmicas e podem mudar de um dia para outro.

Como identificar um caso suspeito e qual procedimento deve ser adotado nesses casos?

Febre acompanhada de sintomas respiratórios, além de atender a uma das duas seguintes situações: ter viajado nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas para áreas de transmissão, ou ter tido contato próximo com um caso suspeito ou confirmado. Febre pode não estar presente em casos de alguns pacientes, como idosos, imunocomprometidos ou que tenham utilizado antitérmicos.

Os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. O paciente deve utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantido preferencialmente em quarto privativo.

Há risco de epidemia global?

Sim, mas os especialistas afirmam que não há motivo para pânico neste momento. O Comitê de Emergência da OMS declarou que é cedo para declarar a situação como emergência em saúde pública de interesse internacional, devido ao número limitado e localizado de casos e pelas medidas que já estão sendo tomadas para que o surto não se espalhe.

(FONTES: Ministério da Saúde do Brasil, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O documento que serviu como base para este material foi elaborado pelos médicos infectologistas: Dr. Leonardo Weissmann, Dra. Tânia do Socorro Souza Chaves, Dr. Clóvis Arns da Cunha e Dr. Alberto Chebabo.)

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